A morte nos faz cair em seu alçapão, / É uma mão que nos agarra / E nunca mais nos solta. / A morte para todos faz capa escura, / E faz da terra uma toalha; / Sem distinção ela nos serve, / Põe os segredos a descoberto, / A morte liberta o escravo, / A morte submete rei e papa / E paga a cada um seu salário, / E devolve ao pobre o que ele perde / E toma do rico o que ele abocanha.
(Hélinand de Froidmont. Os Versos da Morte. Poema do século XII. São Paulo : Ateliê Editorial / Editora Imaginário, 1996. 50, vv. 361-372)

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Santa Cruz do Sul (RS): Ação de vândalos ameaça cemitério dos imigrantes

Depredação de lápides causou indignação entre os descendentes dos colonizadores alemães e a comunidade em geral. Crédito: Janaina Zílio / Gazeta do sul / CP. Imagem disponível em: http://www.correiodopovo.com.br/Impresso/Default.aspx?Ano=115&Numero=230&Caderno=9&Noticia=141262




Do Jornal Correio do Povo (edição digital) de Porto Alegre (RS), ANO 115, Nº 230 -Seção Cidades-Capa - Terça-feira, 18 de Maio de 2010.


A depredação de um cemitério em Santa Cruz do Sul que abriga túmulos do século XIX, no bairro Country, nas últimas semanas, causou indignação entre os moradores locais e da Linha João Alves. O presidente da Comunidade Evangélica de Linha João Alves, Darci Niedersberg, afirma que, de algumas lápides, moldadas em pedra-grês, só restam pedaços. O Cemitério Agnes tem túmulos dos pioneiros da região. Inscrições nas pedras, algumas cobertas de limo e já sem a mesma nitidez, identificam mortes ocorridas antes de 1900. A mais antiga data de 1856, sete anos após a chegada dos primeiros imigrantes a Santa Cruz, em 1849.

O cemitério, localizado na avenida Léo Kraether, fica em frente ao entroncamento com a rua Benno João Kist. Segundo Niedersberg, as depredações são frequentes. Os casos são registrados, afirma, em finais de semanas nos quais são promovidas festas em uma boate próxima. O presidente da comunidade diz que jovens se concentram próximos ao local e aproveitam os muros baixos do cemitério para a prática do vandalismo.

Niedersberg lamenta o cenário de destruição no cemitério: “Ninguém mais se importa, mas têm valor histórico” . Imagem disponível em: http://www.gazetadosul.com.br/default.php?arquivo=_noticia.php&intIdEdicao=2090&intIdConteudo=132107
Esculturas foram derrubadas e lápides quebradas nas últimas semanas. "Sem falar em camisinhas usadas e peças íntimas que são deixadas sobre os túmulos", afirma. "São sepulturas antigas, com valor histórico que deveria ser reconhecido", lamenta Niedersberg.

Um estudo de 2007 sobre a arquitetura funerária, conduzido pelo professor Ronaldo Wink para o Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), apresenta peculiaridades sobre os cemitérios antigos do município. Túmulos localizados no interior eram todos feitos em pedra-grês nas primeiras décadas, devido à facilidade de obtenção da rocha na região e sua maleabilidade na execução das esculturas. O mármore, na época um material importado, tinha um custo alto e era raramente utilizado.

A partir do início do século XX, elementos decorativos moldados em argila e massa de pó de mármore, como figuras de anjos e santos, passaram a aparecer de forma constante. A simbologia nas sepulturas do interior era predominantemente cristã. Em alguns cemitérios, aparecem lápides com símbolos maçônicos, como ramos de acácia. O estudo também revela que a ausência de cemitérios organizados nos primeiros anos de colonização levou à destruição de túmulos mais antigos.




Leia também a notícia original intitulada "Vândalos ameaçam hitória em lápides" no jornal on line "Gazeta do Sul" de Santa Cruz do Sul (RS):

Um comentário:

  1. Rogério obrigada por fazer este blog tão completo, descobri muitas coisas boas aqui, parabéns pelo teu trabalho!!

    Grande abraço,

    Luiza FN Carvalho.

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