A morte nos faz cair em seu alçapão, / É uma mão que nos agarra / E nunca mais nos solta. / A morte para todos faz capa escura, / E faz da terra uma toalha; / Sem distinção ela nos serve, / Põe os segredos a descoberto, / A morte liberta o escravo, / A morte submete rei e papa / E paga a cada um seu salário, / E devolve ao pobre o que ele perde / E toma do rico o que ele abocanha.
(Hélinand de Froidmont. Os Versos da Morte. Poema do século XII. São Paulo : Ateliê Editorial / Editora Imaginário, 1996. 50, vv. 361-372)

sexta-feira, 2 de julho de 2010

"A MORTE COMO FONTE PATRIMONIAL: O cemitério dos escravos em São José do Barreiro" livro de Ludmila Pena Fuzzi

Foto: Capa do livro "A Morte como fonte patrimonial", 2008. Imagem disponível em: http://clubedeautores.com.br/book/19422--A_Morte_Patrimonial.



Por Ludmila Pena Fuzzi. Resenha publicada no site: http://clubedeautores.com.br/book/19422--A_Morte_Patrimonial



A morte pode ser vista como fonte para entendimento da própria vida. É uma memória que está presente no estudo da mentalidade de uma sociedade. Considerar a morte como fonte patrimonial é entender as últimas vontades dos mortos, a partir de seus vestígios encontrados no entorno de suas sepulturas.


Vista de Jazigos de mármore no "Cemitério dos Escravos" em São José do Barreiro (SP). Foto: Ludmila Pena Fuzzi, 2008. Imagem disponível em: http://cafehistoria.ning.com/photo/photo/listForContributor?screenName=2gtwxjdtzj31u&page=3



O cemitério pode ser local para identificação de elementos que demonstram a história social e artística de uma região. A estatuária, as obras arquitetônicas, os epitáfios e os símbolos encontrados e analisados nos túmulos valorizam e exaltam a preservação desse imenso patrimônio público.


A concepção de patrimônio iniciou-se com a carta do Conde de Galveias ao governador de Pernambuco, para a conservação do Palácio de Duas Torres. A luta para conservação dessa temática viabilizou a organização legal para a valorização do patrimônio histórico nacional, com a criação de órgãos para sua defesa. Considerando esses propósitos, foi possível analisar o Cemitério dos Escravos em São José do Barreiro, uma significativa fonte de estudos. O local foi tombado em 1989, pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT), com a finalidade de conservar a memória da sociedade do século XIX e início do XX, da cidade em que se localiza.


Vista do "Cemitério dos Escravos" com suas singulares palmeiras em São José do Barreiro (SP). Foto: Jenyfer Ramos, 2009. Imagem disponível em: http://cafehistoria.ning.com/photo/photo/listForContributor?screenName=2gtwxjdtzj31u&page=3


Para proceder a essa discussão, é necessário fundamentação em teóricos como Philippe Ariès, João José Reis, no contexto da morte, e em Françoise Choay e Le Goff, na questão patrimonial. Os documentos utilizados, como testamentos, óbitos e outros, por meio da metodologia aplicada, oportunizaram a reflexão dialética entre vida e morte na sociedade barreirense do século XIX até meados do século XX.


A historiadora Ludmila Pena Fuzzi, produziu esta obra como monografia de graduação no curso de História do Departamento de Ciências Sociais e Letras da Universidade de Taubaté (SP), sob orientação da Profª. Ms. Rachel Duarte Abdala em 2008. É membro do Instituto de Pesquisa Histórica e Regional (IPHR) e da ANPUH. Pós-graduada em Políticas e Sociedade do Brasil Contemporâneo, possui vários artigos publicados. Vem desenvolvendo junto a seus colegas do IPHR um Projeto de Preservação e Restauração do Cemitério dos Escravos de São José do Barreiro que deverá se tornar o primeiro Museu da Morte do país. É membro do Café História ( http://cafehistoria.ning.com/profile/LudmilaPenaFuzzi ) e possui um blog: http://profludfuzzi.blogspot.com/


[Dados sobre a obra]:

Páginas: 181
Edição: 1ª

Ano: 2010
Editora: Departamento de Ciências Sociais e Letras da Universidade de Taubaté/Clube do Livro

Preço Encontrado: R$ 43,31.


Fonte:http://clubedeautores.com.br/book/19422--A_Morte_Patrimonial

Mais informações sobre o Cemitério dos Escravos em São José do Barreiro (SP) na postagem:

http://kimitirion.blogspot.com/search/label/S%C3%A3o%20Jos%C3%A9%20do%20Barreiro%20%28SP%29%3A%20Cemit%C3%A9rio%20%C3%A9%20palco%20da%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20de%201932

Um comentário:

  1. Ludimila vc como professora de história deve saber que escravos nunca tiveram cemitério, eles os negros eram enterrados fora dos brancos viu? No entanto aquele cemitério tem uma falsa documentação a qual vcs deram o nome de cemitério dos escravos, mas ele sempre foi conhecido como cemitério velho desde a época que o padre França zelou por lá! Mas quer dizer que no Brasil o único cemitério que escravos foram sepultados no meio dos brancos foi em São José do Barreiro-SP? Vc me encontra no facebook do Rogério se quiser ter contatos comigo ok?

    Abraços

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