Restos mortais de frei Pedro Palácios podem estar em ossário
Diovani Favoreto, historiadora mostra urna com ossuário que foi encontrada no Convento de São Francisco de Assis, Cidade Alta, Vitória (ES) - Editoria: Cidades - Foto: Ricardo Medeiros. Imagem disponível em 10/04/2012 no site: http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2012/04/noticias/a_gazeta/dia_a_dia/1173814-historia-revelada-vestigios-de-cemiterio-antigo-em-convento.html
Por Maurílio Mendonça ( mgomes@redegazeta.com.br ). Publicado em 31/03/2012 - 16h34 - Atualizado em 31/03/2012 - 16h34 na Seção "Cidades" do jornal "A Gazeta" ( http://gazetaonline.globo.com/ ).
Escavações arqueológicas descobriram no Convento de São Francisco, no Centro de Vitória, uma montanha de 1,5 metro de ossos, guardados há décadas. O material também foi encontrado na parede de uma capela. Historiadores acreditam que entre eles possam estar os restos mortais de frei Pedro Palácios, transferidos do Convento da Penha há 403 anos.
Documentos e relatos históricos comprovam que era comum, na época, enterrar ossos na parede da capela. "Pessoas ilustres eram enterradas o mais próximo do altar, como se fosse o mais próximo de Deus", explica Diovani Favoreto, diretora e proprietária do Empório Capixaba, empresa responsável pela pesquisa.
Exposição em parede da capela
Em frente ao convento de São Francisco está a capela de Nossa Senhora das Neves, onde já existe, em exposição, uma área arqueológica, com ossos enterrados na parede da capela. "A descoberta foi feita há alguns anos, quando o espaço era restaurado. Os ossos foram encontrados e protegidos, expostos para visitação", conta Diovani Favoreto, proprietária da Empório Capixaba. O mesmo deve ser feito com o convento.
"Vamos manter o local preservado para desvendar o que aconteceu ali, e deixar tudo para a população poder visitar e cuidar"
Cemitérios
O ossário descoberto em outra área do convento foi construído nos anos de 1920. Nele foram reunidos restos mortais de três cemitérios que ficavam no terreno da igreja. Um deles era o das paredes, incluindo as do convento que foram desmanchadas, e que era destinado aos famosos.
Havia ainda o cemitério dos fiéis mais próximos da igreja, e o terceiro, público, que funcionou de 1856 até 1924, quando o convento deu lugar ao orfanato Cristo Rei.
A urna com ossos estava enterrada no pátio do Convento de São Francisco de Assis. Foto: Ricardo Medeiros. Imagem disponível em 10/04/2012 no site: http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2012/04/noticias/a_gazeta/dia_a_dia/1173814-historia-revelada-vestigios-de-cemiterio-antigo-em-convento.html
Agora os historiadores vão investigar e tentar identificar a época em que essas pessoas morreram e a qual comunidade deviam pertencer.
"Vamos elaborar estratégicas de como investigar melhor esses ossos. Separá-los por época, talvez descobrir a idade dos ossos, se tinha alguma doença (como artrose), até se eram mais pobres, escravos ou da elite. Para, depois, recondicionar todos de volta para o ossuário, que hoje está cheio de infiltrações e é muito úmido, precisando de melhorias", explica o arqueólogo Henrique Antonio Valadares Costa.
Descoberta
Os ossos estavam abaixo da entrada da câmara, localizada embaixo do monumento aos franciscanos, feito pela Prefeitura de Vitória em 1924. Entre a ossada ainda foi encontrada uma urna, que seria de uma senhora rica do século XIX, moradora de Nova Almeida, Serra.
O ossuário é pequeno, com cerca de 3 metros de profundidade, em área de quatro metros de largura.
Mudanças ao longo dos séculos
Pioneiro
O Convento de São Francisco, no Centro de Vitória, foi fundado em 1591, já como convento. Era o segundo do país. Até então, só tinha o de Olinda, em Pernambuco
Aqueduto
O prédio ainda foi o primeiro a receber água encanada (aqueduto), em Vitória. A água ia de Fonte Grande até a cozinha do convento
Despedida
O último guardião franciscano viveu até 1855, data que coincide com o período de epidemia e muitas mortes em Vitória, por conta de doenças como febre amarela e cólera. O prédio ficou abandonado
Padre francês
Em 1924, o convento volta a ser ocupado, agora pelo orfanato Cristo Rei, erguido pelo padre francês Leandro. Foi ele quem mudou o espaço físico do convento e acabou derrubando as paredes onde estavam enterrados pessoas importante da época, como o Frei Pedro Palácios e, talvez, Vasco Fernandes Coutinho Filho
Mudanças
Outras mudanças, como a construção da rua lateral, alteraram o terreno do antigo convento, descobrindo mais dois cemitérios: o usado pela prefeitura, em meados do século XIX, para enterrar as vítimas das epidemias; e um outro, usado pela igreja, para enterrar alguns de seus fiéis mais próximos.
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