Acordo entre prefeitura e igreja deve criar mausoléu ao lado de capela. Antiga senzala de fazenda de café tinha vala onde corpos eram enterrados.
Restos mortais são visíveis aos moradores da região do bairro Carabepa, em Redenção da Serra. (Foto: Divulgação/Prefeitura de Redenção da Serra) Disponível no site:http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2013/05/restos-mortais-de-escravos-irao-para-ossario-em-redencao-da-serra-sp.html em 25/05/2013.
Do G1 Vale do Paraíba e Região (http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao) . Colaborou Débora Carvalho. Postado em 13/05/2013 14h55 - Atualizado em 13/05/2013 20h10.
 A assinatura da Lei Áurea, que aboliu a escravidão no Brasil, completa 125 anos nesta segunda-feira (13) e Redenção da Serra,
 no interior de São Paulo, prepara a construção de um mausoléu para 
abrigar um ossário com os restos mortais de escravos que foram 
enterrados em valas comuns em uma fazenda abandonada há 50 anos no 
bairro do Carabepa, às margens da rodovia Oswaldo Cruz. De acordo com a 
prefeitura, mais de 100 ossos teriam aparecido no terreno por conta da 
chuva e da erosão do solo em um barranco.
Maria Silva, uma das moradoras mais antigas do bairro e vizinha do ‘cemitério dos escravos’ (nome pelo qual o local é conhecido), foi uma das pessoas que encontrou os restos mortais e acionou a administração municipal há cerca de dois anos. “Quando chove por uns dias, começam a aparecer ossos no barranco, por diversas vezes encontrei vários caídos pelo chão. Por sinal de respeito com as pessoas que morreram, já cheguei a enterrar novamente alguns ossos em outros locais”, disse a moradora, segundo nota divulgada pela prefeitura.
Maria Silva, uma das moradoras mais antigas do bairro e vizinha do ‘cemitério dos escravos’ (nome pelo qual o local é conhecido), foi uma das pessoas que encontrou os restos mortais e acionou a administração municipal há cerca de dois anos. “Quando chove por uns dias, começam a aparecer ossos no barranco, por diversas vezes encontrei vários caídos pelo chão. Por sinal de respeito com as pessoas que morreram, já cheguei a enterrar novamente alguns ossos em outros locais”, disse a moradora, segundo nota divulgada pela prefeitura.
 Segundo o pesquisador e historiador Marcelo Toledo, os escravos viviam 
nas senzalas das grandes fazendas de café daquela região há pelo menos 
dois séculos. “Eram terrenos muito grandes e precisava-se de uma mão de 
obra numerosa de escravos na época. Inclusive, há alguns anos algumas 
ossadas também foram encontradas durante uma reforma de uma igreja em São Luiz do Paraitinga, que fica próxima ao bairro da Carabepa em Redenção da Serra”, contou.
 Crânio encontrado em meio à erosão do terreno. (Foto: Divulgação/Prefeitura de Redenção da Serra) Disponível no site:http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2013/05/restos-mortais-de-escravos-irao-para-ossario-em-redencao-da-serra-sp.html em 25/05/2013.
 Um convênio de comodato entre a igreja católica e a prefeitura de 
Redenção da Serra foi assinado há duas semanas para que todos os restos 
mortais que estão no local sejam levados para um mausoléu que será 
construído pela administração municipal ao lado da capela Nossa Senhora 
da Piedade, que fica próxima ao terreno, que atualmente pertence à 
diocese de Taubaté.
“É uma questão de respeito com a família, não podemos deixar como está.
 Não existe outra maneira, só se cremássemos, porém gastaríamos muito 
com isso”, explicou o prefeito de Redenção da Serra, Benedito Manoel de 
Morais ‘Nequinho’ (PMDB), que informou que cerca de R$ 30 mil serão 
gastos com a criação do ossário, que tem um prazo de seis meses para ser
 construído. Também está previsto por parte da prefeitura, a contratação
 de um grupo que vai atuar na identificação dos ossos para que um livro 
com os nomes dos escravos fique exposto junto ao mausoléu com os restos 
mortais.
De acordo com Lilian Mansur, diretora-executiva e advogada da Fundação Dom José Antonio do Couto, que pertence à diocese de Taubaté, a construção do espaço é uma conquista. “Isso era defendido pela mitra há anos. É uma riqueza arqueológica, um sítio arqueológico que foi encontrado. O que conseguimos foi a desburocratização com a assinatura desse convênio, que visa salvaguardar a memória desses escravos”, afirmou ao G1.
De acordo com Lilian Mansur, diretora-executiva e advogada da Fundação Dom José Antonio do Couto, que pertence à diocese de Taubaté, a construção do espaço é uma conquista. “Isso era defendido pela mitra há anos. É uma riqueza arqueológica, um sítio arqueológico que foi encontrado. O que conseguimos foi a desburocratização com a assinatura desse convênio, que visa salvaguardar a memória desses escravos”, afirmou ao G1.



