Por Cristina Romanelli
Publicado na Revista de História da Biblioteca Nacional, Seção "Em Dia", pág. 12, Edição nº 57, [01 de] Junho de 2010.
A terra da garoa tem muitos museus, mas poucos turistas conseguem visitar em um só lugar referências a Tarsila do Amaral, Campos Sales, Monteiro Lobato e marquesa de Santos. Para isso, é preciso deixar o medo de lado. Afinal, não é qualquer um que mantém a calma ao entrar em um cemitério. A partir de 2011, a chance de alguém se perder entre os túmulos será menor. Isso porque será lançado um guia com roteiros pelas principais necrópoles paulistanas.
O livro Cemitérios e lugares da morte em São Paulo propõe passeios a pé, com mapas e setas indicando o percurso. Pode ser lido como um guia de turismo, mas com muito mais referências históricas. Segundo a editora Paula Janovitch, os roteiros relacionam os cemitérios com temas como arte e imigração. Já os “lugares da morte” seriam igrejas antigas, onde eram feitos os enterros até meados do século XIX. O primeiro cemitério público, chamado Consolação, só foi construído em 1858.
Para Eduardo Rezende, presidente da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais (Abec) e dono da Editora Necrópolis, o Cemitério Consolação é o mais indicado tanto para se visitar a última morada de personalidades históricas como para apreciar a arte tumular. O mausoléu da família Matarazzo, com 20 metros de altura, é campeão de visitas. Outros eventos, digamos, inusitados aconteceram por ali. “Pagu e Oswald de Andrade se casaram, em 1930, em frente ao túmulo do pai dele”, afirma Rezende.
Perto do Consolação, os cemitérios Araçá e São Paulo completam o circuito turístico básico. No Araçá, segunda necrópole pública da cidade, está enterrada Francisca Júlia (1871-1920), uma das primeiras poetisas do país. A estátua que enfeita hoje o túmulo é uma cópia da original, em mármore carrara, esculpida por Victor Brecheret. A obra foi transferida em 2006 para a Pinacoteca de São Paulo.
Além de Brecheret, outros artistas de sangue italiano se destacaram na arte tumular. Segundo a historiadora Eloína Ribeiro, Eugênio Prati, Galileo Emendabili e Antello Del Debbio chegaram a montar ateliês em frente ao Cemitério São Paulo. Eles se mudaram para a cidade na década de 1920, quando foram construídos os primeiros grandes monumentos funerários. A maioria das obras era feita para imigrantes. “As esculturas geralmente mostram que eles tiveram sucesso no Brasil, tornando-se comerciantes e industriais”, diz a historiadora.
Eloína escreveu um dos roteiros sobre as necrópoles da cidade, mas se limitou ao Cemitério São Paulo. Ali está a maioria das obras feitas por ítalo-brasileiros, sua especialidade. Com ela, Paula e Rezende formam um time crescente de admiradores de “lugares da morte”. Apesar de ainda haver muito preconceito, eles garantem: quem vai a um cemitério sempre acaba voltando depois.
Fonte: http://revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=3098
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Vida após a morte
Cemitérios de São Paulo viram pontos turísticos e são registrados em livro
Vista geral do Cemitério da CONSOLAÇÃO, em São Paulo. Foto: Dornicke, 2008.
Imagem disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Cemit%C3%A9rio_da_Consola%C3%A7%C3%A3o,_vista_geral.JPG
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Eu que o diga. Se no começo tinha muito receio e preconceito, hoje se fico muito tempo sem ir, já fico com saudade. Muito legal a iniciativa de um livro que além de guia, apresente o contexto histórico e artistíco das obras em permanente exposição nos cemitérios.
ResponderExcluirAcredito que ainda teremos mais excursões monitoradas como na Argentina e na França.
Bjos mil!!!
La mayor divulgación y conocimiento de estos lugares es siempre importante.Abrazos
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