A morte nos faz cair em seu alçapão, / É uma mão que nos agarra / E nunca mais nos solta. / A morte para todos faz capa escura, / E faz da terra uma toalha; / Sem distinção ela nos serve, / Põe os segredos a descoberto, / A morte liberta o escravo, / A morte submete rei e papa / E paga a cada um seu salário, / E devolve ao pobre o que ele perde / E toma do rico o que ele abocanha.
(Hélinand de Froidmont. Os Versos da Morte. Poema do século XII. São Paulo : Ateliê Editorial / Editora Imaginário, 1996. 50, vv. 361-372)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Sítio arqueológico milenar é descoberto durante construção de escola no Amapá

Mais de cem peças de cerâmica foram encontradas em Laranjal do Jari. Material pertencia a cemitério indígena, afirma pesquisador.
Por Iberê Thenório
Do Globo Amazônia, em São Paulo
01/07/09 - 12h47 - Atualizado em 01/07/09 - 14h04


O que seria uma simples terraplanagem para construir uma escola se transformou em descoberta científica em Laranjal do Jari, no Amapá. Durante a construção de uma escola na periferia da cidade, trabalhadores encontraram um cemitério indígena com dezenas de peças de cerâmica que podem ter mais de mil anos.

Descoberta de cemitério milenar aconteceu durante terraplanagem para construção de escola na periferia de Laranjal do Jari (AP). (Foto: Gerência de Pesquisa Arqueológica - IEPA/Divulgação)

Logo após a descoberta, o arqueólogo João Saldanha foi chamado para fazer o resgate do material. “Era um grande sítio arqueológico, que tinha muito material. Havia 50 urnas [funerárias], e contabilizamos em torno de cem peças [de cerâmica] inteiras”, conta o cientista, que trabalha para o Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa). Cada urna funerária encontrada é formada por vários vasos diferentes.

Arqueólogo Pedro Saldanha foi chamado para resgatar peças de cerâmica. (Foto: Gerência de Pesquisa Arqueológica - IEPA/Divulgação)

Segundo Saldanha, os desenhos gravados na cerâmica indicam a presença de um povo que ocupou também a Guiana Francesa e o Suriname há cerca de 1.200 anos. “Há pinturas de formas humanas e de animais. Uma grande aldeia, intensamente ocupada, existia ali”.

Parem as máquinas

Desde a descoberta, ocorrida em maio, a construção da escola está parada. Saldanha terminou as escavações em 20 de junho, e imagina que em breve a obra poderá continuar, pois todas as peças que estavam sob a construção foram resgatadas.

Cada urna funerária é formada por diversos vasos. No total, 50 conjuntos foram encontrados. (Foto: Gerência de Pesquisa Arqueológica - IEPA/Divulgação)


O restante do sítio arqueológico, que está fora da área da construção, será explorado mais tarde, segundo o pesquisador. “A ideia é que possamos fazer um sítio-escola, uma escavação para que os alunos aprendam como se trabalha a arqueologia”, explica.

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