A morte nos faz cair em seu alçapão, / É uma mão que nos agarra / E nunca mais nos solta. / A morte para todos faz capa escura, / E faz da terra uma toalha; / Sem distinção ela nos serve, / Põe os segredos a descoberto, / A morte liberta o escravo, / A morte submete rei e papa / E paga a cada um seu salário, / E devolve ao pobre o que ele perde / E toma do rico o que ele abocanha.
(Hélinand de Froidmont. Os Versos da Morte. Poema do século XII. São Paulo : Ateliê Editorial / Editora Imaginário, 1996. 50, vv. 361-372)

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Construção de ferrovia força destruição de túmulos na Grã-Bretanha

Construção de ferrovia força destruição de túmulos na Grã-Bretanha (Foto: BBC). Imagem disponível em 27/06/2012 no site: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/06/construcao-de-ferrovia-forca-destruicao-de-tumulos-na-gra-bretanha.html

Anúncio lança debate sobre o que deve ser deixado intocado sob a terra, quando o espaço é cada vez mais disputado.



Da BBC (Brasil) via [g1.globo.com] publicado em 27/06/2012 06h51 - Atualizado em 27/06/2012 08h05




O governo britânico anunciou a desocupação de milhares de túmulos para a construção de uma linha de trem de alta velocidade entre Londres e Birmingham, cuja construção deve ocorrer até 2026.

O anúncio provocou arrepios em muitas pessoas. Mas por que nos sentimos assim? E, num mundo em que os espaços são cada vez mais disputados, o que deve ser deixado intocado sob a terra?

A escavação da linha de trem HS2 deve passar bem em cima de antigos cemitérios ingleses, afetando os restos mortais de cerca de 50 mil pessoas.

E não é só entre Londres e Birmingham que velhos túmulos estão em perigo: em Salford, próximo a Manchester, ativistas estão protestando contra um empreendimento previsto para ocupar um cemitério com 300 túmulos. Nos EUA, o Departamento de Aviação de Chicago está finalizando um projeto para remover 1.500 túmulos e usar a área para uma nova pista do aeroporto internacional de O'Hare.

Além disso, e rede de supermercados Walmart foi criticada por pedir autorização para construir em um terreno no Estado americano do Alabama que acredita-se ser um antigo cemitério de escravos.

Sempre existiram empreendimentos dispostos a macular terrenos considerados sagrados. Nos anos 1860, quando foi construída uma linha ferroviária para a estação londrina de St Pancras, o escritor Thomas Hardy, na época um estudante de arquitetura, esteve entre o grupo de pessoas convocadas para escavar velhos túmulos presentes no local.

Tabu

Natasha Powers, do setor de arqueologia do Museu de Londres, diz que, nas grandes cidades, sobraram poucas terras intocadas. 'Deparar-se com restos humanos é algo razoavelmente comum', explica.

Powers é encarregada de estudar os restos humanos exumados durante projetos imobiliários e examinar os ossos em busca de informações sobre saúde, doenças e informações demográficas da época em que os corpos foram enterrados.

Ela trabalhou, por exemplo, nas escavações de um empreendimento comercial e residencial no leste de Londres, em uma área que antes era um monastério medieval, que abrigava 10,5 mil restos mortais.

'O ônus sempre é na dignidade (das pessoas)', ela opina. 'Há casos em que os restos estão enterrados tão profundamente que precisam ser escavados com máquinas. Mas em geral usamos espátulas, lentamente e com cuidado.'

Mas se escavações do tipo são tão comuns, por que nos causam tanto incômodo?

'A morte é o último tabu, numa época em que absolutamente todo o resto já foi desconstruído', opina Brian Draper, palestrante associado no Instituto de Cristianismo Contemporâneo de Londres. 'A ideia de deixar os mortos descansarem em paz mostra que gostamos de manter sagrada essa última etapa desconhecida da vida e da morte.'

Exumação

A exumação de corpos é sujeita a regras rígidas na Grã-Bretanha. Na Inglaterra e no País de Gales, o Ministério da Justiça precisa conceder uma licença de remoção dos restos mortais; depois, é preciso cumprir normas ditadas por instituições como igrejas e órgãos de patrimônio histórico.

É preciso também organizar também um novo enterro, em geral em cemitérios de regiões próximas à da exumação.

Para Draper, a ausência de parentes vivos dos corpos exumados é vista, por alguns, como critério para as escavações.

'Alguns argumentam que o funeral é mais em benefício dos vivos do que dos mortos. Nesse sentido, no momento em que essa conexão com os vivos é perdida, perde-se a razão por trás do 'descanse em paz'.'

Para empreendedores, essa costuma ser a visão adotada.

Em grandes projetos de infraestrutura como o HS2 entre Londres e Birmingham, a opinião é de que o precedente já foi estabelecido e não há tempo para arrepios.

Os planos para a linha de trem de 33 bilhões de libras (cerca de R$ 100 bi) foram aprovados pelo governo em janeiro e preveem a construção de um terminal sobre um cemitério do século 19 em Birmingham. Outro cemitério antigo também deverá ser afetado no centro de Londres.

O chefe de engenharia e operações do HS2, Tim Smart, diz que 'seria diferente se fosse a avó de alguém que estivesse sendo exumada, mas (os corpos a serem afetados) têm cerca de 100 anos. Estamos falando de cemitérios desativados, que não receberam novos corpos no último século. As pessoas entendem que é melhor afetar esses locais do que provocar outros inconvenientes'.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Arqueólogos na Bulgária descobrem esqueletos de 'vampiros'

Cemitério de vampiros foi descoberto por arqueólogos búlgaros. Reprodução/Mail Online. Imagem disponível em 19/06/2012 no site: http://noticias.r7.com/esquisitices/noticias/bulgaros-acham-mais-esqueletos-de-vampiros-20120612.html?question=0

Arqueólogos na Bulgária encontraram dois esqueletos datados da era medieval cujos peitos foram perfuradas com barras de ferro para impedir que os mortos supostamente se transformassem em vampiros.


Por Agência de Notícias BBC-Brasil ( http://www.bbc.co.uk/portuguese/ )
Atualizado em 6 de junho, 2012 - 05:08 (Brasília) 08:08 GMT

A descoberta, segundo historiadores, ilustra uma prática pagã, comum em algumas aldeias búlgaras até um século atrás.

Pessoas consideradas más tinham seus corações esfaqueados após a morte, devido a temores de que eles regressariam ao mundo dos vivos para sorver o sangue de humanos.

Descobertas arqueológicas semelhantes também foram feitas em outros países dos Bálcãs.

'Cemitérios de vampiros'

A Bulgária abriga cerca de cem áreas que serviram como locais em que pessoas tidas como vampiros foram enterradas.

Os pesquisadores encontraram os dois esqueletos, datados da Idade Média, na cidade de Sozopol, no Mar Negro.

"Estes esqueletos atravessados com barras de ferro ilustram uma prática comum em alguns vilarejos búlgaros até a primeira década do século 20'', explicou Bozhidar Dimitrov, que comanda o Museu de História Natural da capital búlgara, Sofia.

De acordo com o historiador, as pessoas acreditavam que as barras de ferro manteriam os mortos presos às suas covas de modo a impedir que elas as deixassem à meia-noite para atormentar os vivos.

Ritual

O arqueólogo Petar Balabanov, que descobriu em 2004 seis esqueletos atravessados por ''barras antivampiro'' na cidade de Debelt, no leste da Bulgária, afirmou que o ritual pagão foi também praticado na Sérvia e em outros países balcânicos.

Lendas ligadas a vampiros formam uma parte importante do folclore da região. A mais famosa é a que envolve o conde romeno Vlad, o Empalador, conhecido como Drácula, que empalava suas vítimas na guerra e bebia seu sangue.

O mito inspirou o lendário romance gótico de Bram Stocker, Drácula, publicado em 1897, e, desde então já inspirou uma série de adaptações para o cinema.

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/06/120606_vampiros_bulgaria_bg.shtml