A morte nos faz cair em seu alçapão, / É uma mão que nos agarra / E nunca mais nos solta. / A morte para todos faz capa escura, / E faz da terra uma toalha; / Sem distinção ela nos serve, / Põe os segredos a descoberto, / A morte liberta o escravo, / A morte submete rei e papa / E paga a cada um seu salário, / E devolve ao pobre o que ele perde / E toma do rico o que ele abocanha.
(Hélinand de Froidmont. Os Versos da Morte. Poema do século XII. São Paulo : Ateliê Editorial / Editora Imaginário, 1996. 50, vv. 361-372)

terça-feira, 24 de maio de 2011

Santa Catarina: Grupo faz inventário de cemitérios da Vila Itoupava em Blumenau

Intenção foi de fotografar 1.567 sepulturas e catalogá-las com informações básicas sobre os sepultados


Túmulos podem ser tombados como patrimônio cultural. 10/05/2011 Foto: Rafaela Martins/Agencia RBS.



Por Cristian Weiss (cristian.weiss@santa.com.br) Artigo publicado no Diário Catarinense on line (http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default.jsp?uf=1&local=1&section=capa_online ) Seção Geral 10/05/2011 21h37min



Era março de 1928. O sol ardia no final do verão sobre as colinas da Vila Itoupava. O lavrador Otto Pagel queria somente cavar um poço para extrair água fresca e aliviar o calor da família. Enquanto nada vertia do poço, Otto tomou o leite que ordenhara da vaquinha da família no dia anterior para aliviar a sede.

Coalhada, a bebida, combinada ao calor, lhe fez mal. A família tentou levá-lo a um médico, difícil de encontrar por aquelas terras. Otto não resistiu. Morreu dia 31, aos 29 anos. A partida ocorreu quatro meses após perder o pai, Milh. Desde então, pai e filho descansam eternamente e compartilham, lado a lado, a mesma sepultura no Cemitério Itoupava Rega I.

O local é um dos seis cemitérios da Vila Itoupava inventariados pelo Projeto Lugares de Antepassados, Lugares de História. A primeira apresentação pública do estudo, feito em parceria com a Fundação Cultural de Blumenau, ocorre hoje, no Cemitério da Rua São José. Imponente, a cabeceira que abriga os epitáfios da década de 1920 da família Pagel foi feita em concreto e talhada à mão. Sete colunas de cimento circundam as covas, interligadas por correntes de ferro.

Uma obra-prima que demonstra o esmero da família pelos dois pioneiros da Vila Itoupava que se foram. O túmulo dos Pagel se destaca, mas divide espaço com outras lápides antigas, onde foram sepultados imigrantes alemães e os primeiros a ocupar a região das Itoupavas. O cemitério ainda está ativo, mas os novos túmulos, feitos em mármore comum, destoam das características mantidas pelos antigos.

- Alguns túmulos velhos tiveram de ser refeitos porque as famílias não se interessaram em preservar, então decidimos manter algo mais simples - conta Eurides Pagel, presidente e coveiro por mais de 20 anos do Rega I.

Coordenada pela historiadora Elisiana Trilha Castro, uma equipe de oito pesquisadores percorreu os cemitérios Vila Itoupava, Rega I, Rega II, Braço do Sul e Treze de Maio, na Vila Itoupava, e Treze de Maio Alto, em Massaranduba. A intenção foi fotografar 1.567 sepulturas e catalogá-las com informações básicas sobre os sepultados entre o final do século 19 e atualmente, além de levantar sobrenomes, rituais, arquitetura dos túmulos e a história dos cemitérios.



Estudo procura perceber as singularidades dos cemitérios blumenauenses / 10/05/2011 /
Foto: Rafaela Martins / Agencia RBS



O estudo procura perceber as singularidades dos cemitérios blumenauenses, entender a participação dos imigrantes na formação do município e abre precedentes para que túmulos possam ser tombados como patrimônio cultural.

- É importante pensar na preservação desses lugares como um documento, e conservar as particularidades culturais das etnias que fizeram o cemitério. Hoje, as sepulturas são mais das famílias do que da sociedade e elas ainda não têm consciência da importância de preservar - explica Elisiana.



quarta-feira, 11 de maio de 2011

Portugal na rota do turismo cemiterial europeu

Lazer - Cemitérios atraem milhares de turistas

Em 2010, o cemitério dos Prazeres, em Lisboa, recebeu a visita de 8704 turistas, a maioria de nacionalidade alemã. Para incentivar este tipo de turismo, a Câmara de Lisboa tem roteiros próprios e promove a realização de palestras, colóquios, concertos de música sacra e erudita. Prazeres e Alto de São João são os cemitérios mais visitados em Lisboa.

Cemitérios dos Prazeres e do Alto de São João são os mais visitados em Lisboa. Foto: Bruno Colaço, 2011. Imagem disponível em 11/05/2011 no site: http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/cemiterios-atraem-milhares-de-turistas


Por Sónia Trigueirão. Artigo publicado em 08/05/2011 no site: http://www.cmjornal.xl.pt/ do jornal “Correio da Manhã” de Lisboa (Portugal) na Seção: Notícias – Nacional – Portugal.


Segundo Ana Paula Ribeiro, chefe de divisão de gestão cemiterial, a autarquia sempre deu destaque ao turismo cemiterial, criando até um núcleo museológico específico, que se julga único na Europa.

"Temos vindo a dinamizar o restauro do ‘espólio’ dos cemitérios de Lisboa enquanto museus a céu aberto, quer recuperando jazigos representativos, como o caso do Mausoléu dos Palmela, quer promovendo hastas públicas para venda de jazigos prescritos.

Mas Lisboa não é a única autarquia que incentiva este turismo, destacando-se também a cidade do Porto, que faz parte da rota dos cemitérios, do Conselho Europeu. Esta rota contempla cemitérios em Oslo, na Noruega; na ilha de Cerdena, Itália; ou em Bucareste, na Roménia. São mais de 50 cemitérios de 18 países europeus que se tornaram destinos turísticos.

Entre 2007 e 2010, mais de 910 turistas visitaram os cemitérios da cidade Invicta. Entre as actividades que a câmara promove para atrair visitantes, destaque para ‘A Semana à Descoberta dos Cemitérios Europeus’.

Há também concertos de órgão, exposições de fotografia, pintura e património móvel dos cemitérios municipais, palestras e visitas guiadas aos túmulos de grandes mestres da música do final do século XIX e do século XX.


TÚMULO DE VIOLONCELISTA NO PORTO

De um modo geral, o visitante dos cemitérios municipais do Porto – turista cultural, jovens, famílias, estudantes do Secundário ou universitários – faz uma visita geral e está receptivo à orientação dada pelo guia. Há, porém, um túmulo muito visitado por estrangeiros devido ao renome internacional de Guilhermina Suggia, considerada uma das melhores violoncelistas do Mundo. Uma visita aos cemitérios municipais do Porto permite ver um importante repositório de peças de arquitectura e escultura oitocentista, que constituem um manancial inesgotável de história socioeconómica e cultural.


OSCAR WILD DOS MAIS VISITADOS EM PARIS

Um dos cemitérios mais famosos do Mundo é o parisiense Père Lachaise, onde foram sepultados Jim Morrison (Doors), Edith Piaf, o escritor irlandês Oscar Wilde, o compositor italiano Gioachino Rossini e o escritor francês Marcel Proust. Os seus túmulos recebem milhares de visitas por ano. Igualmente famoso é o Cemitério ‘No Católico’, de Roma, conhecido como cemitério dos poetas e artistas, onde está o poeta John Keats e o fundador do Partido Comunista da Itália, Antonio Gramsci.



Veja também:

terça-feira, 3 de maio de 2011

Jequitinhonha (MG): Prefeito restitui à tribo Krenak restos mortais de antepassado

Alemanha participa de Encontro Indígena na cidade

"Figura de busto do botocudo Quack". (por volta de 1830). Óleo sobre tela, 62 x 51,5 cm. Autor: Príncipe Karl de Wied-Newied. Imagem disponível em 03/05/2011 no link: http://christinatranslations.com.br/DissertacaodeMestrado.pdf




Por Solange Pereira*. Publicado em 2011-03-01 às 17:49 no Site: http://curtirobi.webnode.pt/news/homenagem-ao-botocudo-e-ao-principe-encontro-indigena/



A cidade de Jequitinhonha, MG, no ano do seu 200º aniversário, realizará o "Encontro Indígena – Homenagem ao borun Kuêk e ao Príncipe Maximiliano de Wied", nos dias 13/14/15 de maio, ocasião em que serão restituídos à tribo Krenak os restos mortais do borun (“botocudo”) Kuêk, morto em 1834 na Alemanha e desde então expostos no Museu de Anatomia da Universidade de Bonn, trazidos pelo Cônsul-Geral da Alemanha no Brasil.


Jequitinhonha pediu, por uma questão de dignidade humana e amor a um filho do Vale, a devolução dos restos mortais, e a Alemanha concordou, por uma questão de correção política. Um ato de firmeza do Govêrno alemão, dada a resistência e a desaprovação de alguns grupos conservadores lá no país. Ao mesmo tempo, se prestará homenagem ao nobre alemão Maximiliano de Wied-Neuwied, que visitou a região do Baixo Jequitinhonha e se tornou amigo e protetor dos “botocudos” (a nação Borun) e de Kuêk em especial.



Vista da cidade de Jequitinhonha (MG) que comemora seu bicentenário. Imagem disponível em 03/05/2011 no site: http://radardovale.blogspot.com/2011/02/bicentenario-de-jequitinonha-umas-das.html



Intensas Negociações Multilaterais

Atuaram nas negociações o Prof. Karl Schilling,diretor do Museu de Anatomia da Universidade Friedrich-Wihelms, de Bonn, de maneira determinante (a ele cabia a palavra final, como guardião da relíquia); o dr. Uwe Kaerstner. ex-embaixador da Alemanha no Brasil e grande amigo do nosso País; a Embaixada do Brasil em Berlim; o Ministério do Exterior da Alemanha, e o dr. Roberto Botelho, prefeito de Jequitinhonha.


A relíquia será trazida até o Rio de Janeiro pelo diretor do museu, Prof. Karl Schilling, de lá até Jequitinhonha será acompanhada também pelo Cônsul-Geral alemão. O prefeito receberá a urna funerária das mãos do Cônsul, dr. Michael Worbs e, ato contínuo, a entregará à tribo Krenak, do tronco borun, que irá fazer o enterramento segundo seus rituais e crenças, em sua aldeia. Uma rua da Jequitinhonha será denominada "Kuêk", outra "Príncipe Max".


"Retrato do Príncipe Maximiliano de Wied-Neuwied com o botocudo Quack". (Assinado e datado de 1828). Óleo Sobre Tela, 210 x 126 cm. Autor: Johann Heinrich Richter. Imagem disponível em 03/05/2011 no link: http://christinatranslations.com.br/DissertacaodeMestrado.pdf



Reconhecimento das Raízes Indígenas da Cidade


Presentes, as nações Maxakali,Mucurin, Pataxó, Pankararu, Aranãs, e a já citada Krenak.; autoridades estaduais e municipais. E, naturalmente, o povo de Jequitinhonha, também protagonista nesse três dias de festas, conferências, debates, danças, cantos e mostra de artesanato indígena, num verdadeiro reencontro com suas raízes indígenas.


Jequitinhonha recebe de volta um filho do Baixo Vale, levado para longe pelas circunstâncias da vida (isso faz vocês lembrarem de alguma coisa, não é?). E o encontro das nações aqui na cidade significa um um aceno ao seu passado, em que era tão percorrido por povos de tantas culturas. E, certamente, um sinal para o seu futuro, como cidade das artes, das culturas, aberta para o mundo.

*Secretária-Executiva /
Comissão do Bicentenário de Jequitinhonha


Fonte: http://curtirobi.webnode.pt/news/homenagem-ao-botocudo-e-ao-principe-encontro-indigena/


Veja também:


http://www.dzai.com.br/dinge/noticia/montanoticia?tv_ntc_id=46189


http://radardovale.blogspot.com/2011/02/bicentenario-de-jequitinonha-umas-das.html


http://www.brasil.diplo.de/Vertretung/brasilien/pt/__events/in__Rio/2011__05__Jquitinhonha.html


http://blogdobanu.blogspot.com/2011/02/jequitinhonha-promove-resgate-de-povos.html